terça-feira, 12 de maio de 2009

Será Deus um matemático?

Será Deus um matemático?
Marcelo Gleiser
“A geometria vem de um cérebro adaptado ao mundo em que existe” Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "A Harmonia do Mundo". Artigo publicado na “Folha de SP”: O título desta coluna vem de um livro recém-lançado nos EUA, de autoria do astrofísico Mario Livio. Nele, Livio examina a origem da matemática. Será ela obra da mente humana, uma invenção? Ou será que descobrimos a matemática que já existe, uma espécie de superestrutura conceitual que define o Universo e suas leis? Os que acreditam que seja esse o caso gostam da metáfora (atenção!) de que a matemática é a expressão da mente de Deus: Deus é o grande geômetra, o arquiteto universal. O grande físico teórico Eugene Wigner, que ganhou o Prêmio Nobel pelos seus estudos das simetrias matemáticas que regem o comportamento atômico, achava a eficácia da matemática na descrição dos fenômenos naturais surpreendente. Por que ela funciona tão bem a ponto de nos permitir prever coisas que nem sabíamos que poderiam existir? Por exemplo, quando o escocês James Clerk Maxwell mostrou que todos os fenômenos elétricos e magnéticos podem ser descritos por apenas quatro equações, não poderia imaginar que dessa união viria a descoberta de que a luz é uma onda eletromagnética e que outras existem, invisíveis aos nossos olhos, como os raios X ou as micro-ondas. Várias partículas elementares da matéria foram descobertas usando apenas princípios de simetria. Será que a natureza é mesmo uma estrutura matemática? Livio descreve argumentos a favor dessa hipótese e contra ela, optando por uma solução de compromisso: parte é descoberta e parte inventada.A favor, ele mostra como, de fato, a matemática tem uma permanência diversa da das ciências naturais: um teorema matemático, uma vez demonstrado, é correto para sempre. Já em física ou química, explicações que parecem razoáveis numa época às vezes se provam erradas, ou aproximações de explicações mais sofisticadas. Será, então, que uma civilização extraterrestre redescobriria os mesmos resultados matemáticos do que nós, como se fossem uma espécie de código da natureza? Pitágoras, Platão, Galileu, Newton, Einstein, muitos matemáticos (mas não todos) e os físicos que hoje trabalham em teorias de supercordas diriam que sim. Talvez mudem os símbolos, mas a essência dos resultados seria a mesma. Um astrofísico do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Max Tegmark, chega a afirmar que o Universo é matemática e que infinitos outros universos existem, replicando todas as combinações lógicas e geométricas possíveis. Acho que Tegmark confundiu a ficção de Jorge Luis Borges com a realidade. Sua posição é, para mim, religiosa.Não há dúvida de que certos resultados matemáticos, como 2 + 2 = 4, são verdadeiros independentemente de como sejam descritos. Mesmo assim, vou além de Livio e afirmo que a matemática é uma invenção humana, uma linguagem criada para descrever a nossa realidade. Somos produtos de milhões de anos de evolução, adaptados ao mundo em que vivemos.Na superfície da Terra vemos árvores, pedras e animais, unidades que naturalmente definem os números inteiros, que usamos para contar. No céu vemos estrelas e imaginamos constelações. Uma criatura marinha inteligente e solitária, vivendo nas profundezas e sem luz ou outras formas de vida por perto, provavelmente desenvolveria uma outra matemática. Nossa geometria descreve aproximadamente as formas que vemos à nossa volta; esferas, quadrados, cubos, círculos, linhas. Ela vem de um cérebro adaptado ao mundo em que existe. Se uma civilização extraterrestre tiver desenvolvido linguagem equivalente, é porque existe numa realidade semelhante. O único Deus matemático é aquele que inventamos. “A geometria vem de um cérebro adaptado ao mundo em que existe”
(Folha de SP, 10/5)

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGA - DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA

Coordenador: Prof. Dr. Eraldo Schunk

Vice-coordenadora: Msc. Ângela Marconi

APRESENTAÇÃO

O Bacharelado em Estatística da Universidade Estadual de Maringá – UEM foi criado em 15/12/1999, através da Resolução nº 162/99-CEP, Em março de 2004, formou-se a primeira turma do curso de Graduação em Estatística – Habilitação Bacharelado. Atualmente, o Curso de Graduação em Bacharelado em Estatística da UEM é integral (vespertino e noturno) e tem duração regular de 4 anos.

No Brasil, a profissão de Estatístico foi reconhecida em 15/07/1965, pela Lei 4739, tendo a profissão sido organizada através do Conselho Federal de Estatística e dos Conselhos Regionais. Além da organização legal e sindical, os estatísticos estão ainda agrupados em Sociedades Científicas que promovem encontros, congressos e que são também encarregados da divulgação de pesquisas e resultados na área de estatística.

Para se tornar um estatístico é necessário dominar uma série de disciplinas nas áreas de matemática, probabilidade, estatística e computação. Além, disso é necessário freqüentar as aulas prática feitas no Laboratório de Estatística do Departamento, cuja função é dar assessoria a projetos de pesquisas nas diversas áreas.

A profissão do Estatístico exige criatividade, boa base matemática, habilidade no uso de "softwares" e muita capacidade de interação com profissionais de outras áreas, já que freqüentemente o estatístico terá que trabalhar em áreas do conhecimento com as quais muitas vezes ele não manteve contato anteriormente. A Estatística é, por isso, uma profissão de desafio fascinante com mercado de trabalho em contínua expansão.

O Estatístico é requisitado pelas mais diversas instituições: Indústrias, Instituições públicas, Hospitais e instituições de pesquisa médica, Empresas de pesquisa de opinião e mercado, Bancos e companhias de seguro, etc.

Pretendemos com o ESPAÇO FISHER oportunizar a todos os interessados na ciência estatística, um ambiente de discussão, informação e divulgação da ciência estatística. Com isso acreditamos que este espaço é mais um veículo a serviço da formação de estudantes com visão critica e aprofundada da ciência estatística. Esperamos que este espaço seja aproveitado para discutirmos e aprofundarmos nossos conhecimentos sobre os temas e assuntos abordados em nosso curso. Esperamos receber indicações de links, artigos, crônicas, e-books, críticas, dicas de eventos, enfim toda informação que julgarem ser interessante para melhorar nossa formação. Vamos estreitar os laços de cooperação e estimular discussões sobre os temas: ciência estatística, epistemologia do método estatístico, ... Sejam bem-vindos ao nosso blog.

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