terça-feira, 28 de outubro de 2008

A universidade e as novas tecnologias



João Grandino Rodas

http:\www.estadao.com.br


Nunca antes o conceito de universidade, surgido na Europa no século 12, enfrentou tamanho desafio. Estão em xeque seus pressupostos básicos: localização, temporalidade e limitação de vagas. De per si, as invenções da imprensa, do rádio e da televisão não tiveram o condão de mudar, fundamentalmente, o conceito em tela. O uso integrado de variadas mídias, possibilitado pelo uso conjunto de tecnologias de comunicação e informação, contudo, vem permitindo uma revolução na educação, em razão de romper com as fronteiras de tempo e de espaço.
O impacto da utilização do referido conjunto de tecnologias pode ser sentido na sociedade, nos métodos de ensino, no aluno, no professor e na universidade. Para a sociedade o benefício é dúplice: os cursos semipresenciais e não-presenciais propiciam aumento considerável do número de pessoas com acesso à educação - um mesmo curso pode ser seguido tanto em escala nacional quanto global. Opera-se a democratização da educação ao permitir que pessoas sem possibilidades de freqüentar regularmente cursos presenciais possam ser incorporadas à escola. Além disso, facilita-se a educação continuada.

No que tange aos métodos, o professor deixa de ser o ponto central, tornando-se partícipe de equipe multidisciplinar (pedagogo, designer, roteirista, programador e apresentador), cujo objetivo é a eficácia do processo ensino-aprendizagem. Por outro lado, cada espécie de curso requer o desenvolvimento de metodologias adequadas. Curso que utilize a televisão deve ser interativo, a ponto de possibilitar a comunicação reversa do aluno. Já os que utilizam a internet necessitam de ferramentas de interatividade para a comunicação síncrona ou assíncrona entre professor e aluno.

O aluno torna-se o foco do processo de aprendizagem. Passa ele a ter maior autonomia para identificar suas necessidades e procurar as informações, com o intuito de refletir sobre elas, discuti-las e adaptá-las às suas necessidades. Daí ser imperioso, desde o ensino fundamental, cultivar no aluno maior espírito crítico e perspicácia. Relativamente às informações, elas passam a estar disponíveis em qualquer lugar e a qualquer hora, e não unicamente no momento em que o professor as apresenta. O aluno poderá obtê-las quando a elas se puder dedicar.

Deixa o professor de ser "fonte do saber", que disponibiliza conteúdos a serem memorizados e replicados. Sua competência será mais bem aproveitada, por se tornar um orientador de estudos, que também motiva o discípulo, dissipa dúvidas e procede à avaliação. Cabe ao professor repartir com o aluno sua experiência, orientando-o na abordagem, avaliação e resolução de situações.

Deixa a universidade de depender das competências locais para o oferecimento de cursos, podendo, no estabelecimento deles, contar com competências existentes na esfera nacional e mesmo internacionalmente. Dessa maneira, poderá otimizar seus recursos, mormente os humanos, deles se servindo mesmo que dispersos no tempo e no espaço. Duas características serão imprescindíveis para a universidade:

Deve dispor de infra-estrutura, tecnologias modernas e metodologias adequadas para atender aos alunos onde quer que eles se encontrem, durante o tempo que precisem e consoante as suas necessidades. Tanto quanto de bons professores, a universidade, como nunca anteriormente, passa a necessitar de bibliotecas, inclusive e mormente de biblioteca digital, além de laboratórios apropriados; necessita ser ágil para identificar as necessidades de conhecimento da sociedade, que variam no tempo e na localização, e oferecer cursos, fazendo-os evoluir conforme se modifiquem tais necessidades.

Por oito séculos o modelo de universidade se manteve praticamente o mesmo. De alguns anos a esta parte, o conjunto de tecnologias de informação e de educação acima mencionado começou a ser, pouco a pouco, utilizado por várias universidades estrangeiras e, mais timidamente, por algumas brasileiras. O que já começa a ser patente é a aceleração que vem sendo impressa, mormente por universidades alienígenas, nesse processo.

É possível antever que, em poucos anos, o panorama universitário global se modifique profundamente, a ponto de se tornar irreconhecível. A discussão que sempre houve sobre os métodos de ensino será canalizada, mais pragmaticamente, para determinadas finalidades.O perfil do aluno tende a se modificar e um ensino básico adequado será importantíssimo. Sem ele não será possível navegar pelo mundo virtual ou semivirtual da aprendizagem. Persistindo a falta de ensino público básico de qualidade, aprofundar-se-á o fosso socioeducacional já existente.
Os professores continuarão a ser necessários, não o professor tradicional, mas o apto a certos desafios. Assim, reciclagem profunda e adaptações indispensáveis serão imprescindíveis para que os professores "à moda antiga" não fiquem inexoravelmente fora do mercado e os novos professores já se formem com as habilidades necessárias.
Finalmente, as instituições que não perceberem o sinal dos tempos e não empreenderem profunda reflexão e mudança estarão fadadas, inicialmente, ao ostracismo e, a médio prazo, à obsolescência e à nulificação. Espera-se que as universidades brasileiras não percam o momento, pois está em jogo, inclusive, a preservação da cultura nacional, a importância do Brasil no mundo e a capacidade de termos um País mais justo. Este último desiderato só será alcançado por meio de educação de qualidade acessível a todos neste país-continente.

João Grandino Rodas, diretor da Faculdade de Direito da USP, presidente do Tribunal Permanente de Resolução do Mercosul, ex-professor da Faculdade de Educação da USP (Didática, História da Educação e Educação Internacional), é membro do Conselho Diretor da Fulbright Commission.


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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGA - DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA

Coordenador: Prof. Dr. Eraldo Schunk

Vice-coordenadora: Msc. Ângela Marconi

APRESENTAÇÃO

O Bacharelado em Estatística da Universidade Estadual de Maringá – UEM foi criado em 15/12/1999, através da Resolução nº 162/99-CEP, Em março de 2004, formou-se a primeira turma do curso de Graduação em Estatística – Habilitação Bacharelado. Atualmente, o Curso de Graduação em Bacharelado em Estatística da UEM é integral (vespertino e noturno) e tem duração regular de 4 anos.

No Brasil, a profissão de Estatístico foi reconhecida em 15/07/1965, pela Lei 4739, tendo a profissão sido organizada através do Conselho Federal de Estatística e dos Conselhos Regionais. Além da organização legal e sindical, os estatísticos estão ainda agrupados em Sociedades Científicas que promovem encontros, congressos e que são também encarregados da divulgação de pesquisas e resultados na área de estatística.

Para se tornar um estatístico é necessário dominar uma série de disciplinas nas áreas de matemática, probabilidade, estatística e computação. Além, disso é necessário freqüentar as aulas prática feitas no Laboratório de Estatística do Departamento, cuja função é dar assessoria a projetos de pesquisas nas diversas áreas.

A profissão do Estatístico exige criatividade, boa base matemática, habilidade no uso de "softwares" e muita capacidade de interação com profissionais de outras áreas, já que freqüentemente o estatístico terá que trabalhar em áreas do conhecimento com as quais muitas vezes ele não manteve contato anteriormente. A Estatística é, por isso, uma profissão de desafio fascinante com mercado de trabalho em contínua expansão.

O Estatístico é requisitado pelas mais diversas instituições: Indústrias, Instituições públicas, Hospitais e instituições de pesquisa médica, Empresas de pesquisa de opinião e mercado, Bancos e companhias de seguro, etc.

Pretendemos com o ESPAÇO FISHER oportunizar a todos os interessados na ciência estatística, um ambiente de discussão, informação e divulgação da ciência estatística. Com isso acreditamos que este espaço é mais um veículo a serviço da formação de estudantes com visão critica e aprofundada da ciência estatística. Esperamos que este espaço seja aproveitado para discutirmos e aprofundarmos nossos conhecimentos sobre os temas e assuntos abordados em nosso curso. Esperamos receber indicações de links, artigos, crônicas, e-books, críticas, dicas de eventos, enfim toda informação que julgarem ser interessante para melhorar nossa formação. Vamos estreitar os laços de cooperação e estimular discussões sobre os temas: ciência estatística, epistemologia do método estatístico, ... Sejam bem-vindos ao nosso blog.

A coordenação do Curso desde já agradece sua participação.

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