ESPAÇO FISHER

ENTREVISTA: Prof. Ph.D Pedro Alberto Morettin
Para Prof. Dr. Eraldo Schunk
Coord. Bach. em Estatística - UEM

Esta entrevista foi, gentilmente, cedida pelo Prof. Morettin na 41ª Reunião da ABE - VI Jornada de Estatística de Maringá, ocorrida nos dias 5 a 7 de novembro de 2008 na UEM. Pesquisador de renome internacional, grande mestre e entusiasta do ensino da estatística no Brasil e atualmente um dos nomes mais importantes da Estatística no Brasil e no exterior, é também lembrado pela simpatia, simplicidade, humildade e desprendimento com seus ex-alunos e colegas de profissão. Um exemplo profissional a ser seguido. Com certeza todos vocês irão gostar. Boa Leitura!

Curriculum

O Prof. Pedro Alberto Morettin possui graduação (Bacharelado e Licenciatura) em Matemática pela Universidade de São Paulo (1963), mestrado em Statistics (MA)- University of California, Berkeley (1971) e doutorado em Statistics (Ph.D)-University of California, Berkeley (1972). Atualmente é Professor Titular do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Probabilidade e Estatística, atuando principalmente nos seguintes temas: séries temporais, análise de ondaletas e aplicações em Atuária, Finanças, Ciências Físicas e Biomédicas. Foi editor chefe do Brazilian Journal of Probability and Statistics entre 1987-1990 e 2000-2006, Editor Associado, International Journal of Forecasting (1984-1998), Editor Associado, Journal of Forecasting (a partir do ano 2000), membro do Comite Editorial, "Resenhas", Referee para divresas revistas internacionais, como Annals of Probability, Stochastic Processes and Their Applications, Journal of Time Series Analysis, IEEE Transactions on Information Theory, Transactions of the American Mathematical Society, Journal of Nonparametric Statistics, Brazilian Journal of Probability and Statistics, Estadistica, Journal of Econometrics, Pesquisa Operacional, etc, Presidente da Associação Brasileira de Estatística (1994-96), Presidente do Interamerican Statistical Institute (1999-2000), Vice-Presidente do International Statistical Institute (1995-97), Diretor do Instituto de Matemática e Estatística da USP (1990-1993), Receptor de auxílios para projetos de pesquisa da CAPES, CNPq, FAPESP, Coordenador de Projetos Bilaterais com a Argentina (Fundacion Antorchas) e Estados Unidos (CNPq-NSF), Assessor de várias agências de fomento a ciência: CNPq, FAPESP, CAPES, NSF, CONICET (Argentina), CONACYT (Chile). Orientou e orienta vários alunos de iniciação científica. Participou de mais de 50 congressos, com apresentação de trabalhos, sendo que cerca de 30 como convidado. Participou de inúmeras bancas de mestrado, doutorado, livre-docência, concurso de professor titular e de início de carreira.

☺ Como e quando surgiu seu interesse pela estatística?

Na realidade, meu ingresso na área foi totalmente casual! Sou licenciado e bacharel em Matemática pela USP e depois de formado foi-me oferecida uma vaga na Matemática e na Estatística da antiga FFCL da USP quase que simultaneamente. Optei pela Estatística porque tinha alguns amigos já naquele departamento e eles me disseram que era “algo interessante”. Eu jamais tinha tido alguma disciplina de Estatística no curso da Matemática.

☺ Quais matérias o Sr. mais gostava na Universidade?

Gostava principalmente das disciplinas de Análise.

☺ Ao olhar para trás, o Sr. percebe que poderia fazer o curso de maneira diferente?

O “curso” no caso deve ser o de Matemática. Naquele tempo não havia disciplinas optativas e Estatística era algo que somente era ensinado aos alunos de Ciências Sociais e Psicologia. Provavelmente, poderia ter procurado alguma disciplina nessas áreas.

☺Como o Sr. foi parar na área de Séries Temporais?
No meu programa de doutorado, cursei uma disciplina de séries temporais, ministrada pelo David Brillinger, recém-chegado ao departamento, vindo da LSE (London School Of Economics And Political Sciences, Inglaterra). Gostei e depois fui orientado pelo David.

☺O Sr. escolheria esta área novamente caso tivesse a oportunidade de mudar?
É uma pergunta difícil de responder. Fui fazer meu doutorado pensando na área de Inferência e mudei. Poderia mudar de novo se algo “novo” me interessasse.

☺Qual é a importância da estatística na área de séries temporais?
Trabalhamos com inferência em séries temporais, logo a importância é essencial.

☺Esta área é promissora?
Creio que todas as áreas da Estatística são promissoras, devido aos desenvolvimentos continuados nas diversas áreas do conhecimento, como genômica, aprendizado etc.

☺Nesta área é preciso dar continuidade aos estudos?
Em todas as áreas, o pesquisador está continuamente aprendendo coisas novas. Isso é necessário para se manter na fronteira do conhecimento.

☺Os recém-formados vão encontrar pelo caminho um mercado diferente do seu?
No meu caso, estava interessado na área acadêmica e havia poucas oportunidades na época . Agora, tanto as oportunidades acadêmicas quanto em outras áreas são muito maiores para um recém doutor.

☺Quais são os conselhos que o Sr. deixa para os novos profissionais? O que fazer e o que não fazer na carreira profissional?
Procurar aprender o máximo em seu curso de graduação. Fazer diciplinas optativas, se possível, em outras áreas onde a estatística é utilizada. Fazer pós-graduação. Mais e mais no futuro, profissionais com formação em mestrado e doutorado serão procurados.

Muito obrigado pela entrevista Professor!
Por nada! Foi um prazer!